Jesus, Maria e José,
São mais de 2 meses desde o último texto e uma angústia assombra meu peito:
“Quando você vai publicar a sua próxima newsletter? Seus leitores estão esperando! Tem até gente que assinou com dinheiros e você os trata assim? Você não tem vergonha?”
Pois tenho, e tenho muito.
A questão é que tenho também algo que aprendi a dar nome depois de algumas sessões de terapia:
“Uma baixa crença de autoeficácia.”
Ou seja: tenho o costume de achar que tudo o que escrevo está sempre uma grande m3rd4.
A maioria de minhas ideias, assim, morrem no papel.
Quando muito, ganham forma em algumas linhas no Drafts — ou no Pages, no iA Writer, no Google Docs, no Scrivener ou em qualquer outro novo editor de texto que eu esteja testando no momento.
Mas a questão é que eu precisava voltar aqui e há muitas semanas tenho “ensaiado” o meu retorno.
O problema é que, tempos atrás, ouvi uma frase simples que mudou completamente a minha forma e o meu desejo de escrever:
Ouvi isso do Rafael Censon, o maior psicopata do texto longo do Marketing Digital Brasileiro.
Depois de ouvir isso, comecei a pensar em todas as minhas autoridades — os meus modelos no sentido Girardiano:
Olavo de Carvalho, Milan Kundera, Pedro Sette-Câmara, o próprio Rafael e, nos seus primórdios de Facebook, Icaro de Carvalho: todos eles escreviam e escrevem bons textos longos.
E eu pensei com meus botões: é isso que quero fazer.
Comecei um texto sobre Criatividade, tomando por base aquele maravilhoso livrinho do Luiz Carreira.
Demorei algum tempo pensando em como organizar e começar, escrevi os primeiros parágrafos e… travei. Não gostei de mais nada.
Textos longos conferem autoridade, mas são difíceis de se escrever — ainda mais quando se é um semi-preguiçoso como eu em tempos de Eurocopa.
Em todo caso, a newsletter de hoje não é um desses textos longos. É um texto curtinho, quase um desabafo, uma confissão pública de um sentimento de culpa.
É também um pequeno aviso (ou lembrete) de que continuo por aqui, mas que o foco deve ser outro daqui pra frente.
E, bem, se você tiver alguma sugestão para lidar com meus “complexos”, deixe aqui nos comentários.
Até breve,
Catapan
P.S.: Devo estar lendo uns 5 livros ao mesmo tempo, mas o destaque fica para Por Quem os Sinos Dobram, do Hemingway. Tá aí uma leitura que demorou para engrenar — passei meses nos primeiros capítulos — mas que, de uma hora para outra, melhorou exponencialmente. Estava com saudades de ler um livro assim.
Bem vindo de volta! Eu estava para escrever um texto similar, sentindo-me da mesma maneira. Acho que vou simplesmente repostar o seu. Meu "desbloqueio" para voltar a escrever é pensar "sim, o que eu escrevi é horrível, mas talvez um dia chegue a ser bom, se continuar sem escrever eu nunca vou saber." Então você percebe que a maior crítica é a sua própria, e há quem goste daquilo que você escreve.
É bom ter você de volta, André! Também estou devendo um "comeback" para meus leitores. Em tempo, "Por quem os sinos dobram" é um livro excepcional. Daqueles que a gente termina diferente de quando começamos a leitura.